José vivia em Nazaré, na Província da Galiléia. Pertencia à estirpe de David e exercia o ofício de carpinteiro. No seu tempo as famílias constituíam a estrutura central da vida social da Galiléia. O homem era o chefe da família. Tinha a responsabilidade de trabalhar para alimentar, proteger e garantir um abrigo à mulher e aos filhos. À mulher competia realizar os trabalhos domésticos: confecionava o pão, preparava as refeições, moía a farinha, produzia o queijo, fiava o linho e tratava dos animais.
Os jovens constituíam família através do casamento. A escolha da noiva era geralmente feita pelo pai do noivo quando este atingia os dezessete anos de idade. A seleção realizava-se entre as jovens solteiras da aldeia que tivessem entre 13 e 17 anos de idade. O pai do noivo negociava com o pai da noiva as condições do noivado.

Maria encontrava-se noiva de José quando o anjo Gabriel lhe anunciou que tinha sido escolhida para ser a mãe do filho de Deus. Maria aceitou esta missão, embora assustada, pois a sua gravidez não seria facilmente compreendida por José nem pelas pessoas da localidade.
José amava Maria, sua noiva (Cf. Mt 1, 19 -20). Como todo o jovem com paixão pela vida, José sonharia com um projeto de família junto de sua esposa querida, provendo as condições de sustento e proteção para o casal e os filhos que dele viessem a nascer.

Maria, informada pelo anjo acerca da gravidez de sua parente Isabel apressa-se a visitá-la em Judá (Lc. 1,39).
Por lá vai ficando por uns três meses consecutivos cuidando da casa de Zacarias e prestando os cuidados necessários a sua prima, uma mulher de idade avançada que se preparava para ser mãe (Lc 1, 36).
Aí, vai contemplando o mistério escondido em seu ventre, recordando e saboreando as palavras do Anjo em Nazaré (Lc 1, 30-37) e de sua parente Isabel em Judá: “Bendita és tu entre as mulheres…
Donde me é dado receber a mãe do meu Senhor!” (Lc 1,42.43). Seu noivo, em Nazaré, vive alegremente seu projeto de casamento enquanto vai produzindo os meios de vida para o novo casal.

Ao encontrar sua noiva grávida, em regresso a casa dos pais, José fica estupefacto. Não entende nada. Entristecido, silencia. Ocorre-lhe a idéia de abandonar Maria para não expô-la a difamação Lc 1, 19).
Como fica agora seu projeto de vida? Enquanto pensava na forma de resolver esta situação tão incómoda, Deus envia-lhe um Anjo durante o sono para lhe anunciar que ele é chamado a cooperar na obra de Deus. O seu projeto de família tem agora um sentido novo:
Receber Maria grávida pelo poder do Espírito Santo e assumir a paternidade de Jesus, o Salvador, que vem salvar o povo de seus pecados. Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito através do profeta: «A virgem ficará grávida e dará luz um filho que se há-de chamar-se Emanuel» (Lc 1, 22.23).

José teria agora que decidir entrar no Projeto de Deus ou reinventar a sua vida à margem de Deus e de sua noiva. O texto bíblico é claro. “Quando José acordou, fez como o anjo lhe tinha mandado: recebeu Maria por esposa e, sem ter relações conjugais com ela, Maria deu à luz o menino, a quem José pôs o nome de Jesus.
Deus entrou de rompante na vida de José. Cremos que o amor a Maria, sua noiva, e a consciência de José, formada no seio do judaísmo: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com todas as tuas forças» (Dt 6, 5) conduzem José na sua decisão de obedecer a Deus. José não sabe como vai evoluir o seu novo Projeto de Família, mas sabe que pode confiar em Deus e cooperar no projeto de Salvação do povo, com todas as suas forças. Através da obediência de José e Maria, Deus veio levantar a Humanidade decaída e elevá-la à dignidade divina já oferecida por Deus ao Homem ao cria-lo à sua imagem e semelhança. Como José obedeçamos aos apelos de Deus em nossa Vida.