Aos 05 de março de 1848, em Casalmendinho, pequeno povoado, constituído por algumas casas localizadas ao lado de uma rua estreita e sinuosa que pertence à Paróquia de Ribafeita, diocese de Viseu, nasceu Rita Lopes de Almeida, destinada a uma grande e sublime missão.
Seus pais Manuel Lopes e sua mãe Josefa de Almeida contraíram matrimônio no dia 09 de maio de 1840. Este casamento foi abençoado com sete filhos.
No lar desta jovem, a começar pelos pais, sentia-se a ânsia de uma autêntica vivência cristã e desejo de comunicá-la a outros. Deus fez nascer dessa jovem a vocação missionária para tirar os jovens do indiferentismo, dos perigos morais e exercer apostolado entre em prol da família.
Rita chegou a andar de aldeia em aldeia; rezava e ensinava a rezar o terço e espalhar a vontade sincera de imitar Nossa Senhora. Encontrava pessoas de vida menos exemplar e fazia tudo quanto estava ao seu alcance para que Nosso Senhor as arrancasse do mal e as trouxesse ao bom caminho.
À oração juntou a penitência. Nas vindas a Viseu, começou a contactar as Irmãs Beneditinas do Convento de Jesus e conseguiu delas alguns “instrumentos de mortificação”. Cedo deu conta, juntamente com seu confessor, que Jesus a chamava à vida de consagrada, numa época impossível pelas leis ainda vigentes que proibiam admissões de Noviças. Rita continuava no mundo, entregue ao apostolado, às mortificações, esperançada de que haveria de alcançar a consagração total a Deus e rejeitando peremptoriamente pretendentes, alguns deles ricos, porque no seu íntimo já era “consagrada”. Fazia a Comunhão Reparadora; crescia no fervor eucarístico, na devoção ao Sagrado Coração de Jesus e no forte desejo de salvar almas, tornando-se missionária e apóstola. Comungando no apostolado de Rita, os pais chegaram a albergar em sua casa mulheres desejosas de conversão e de mudar de atitudes e comportamentos morais com que tinham contribuído para a destruição de famílias.
Com cerca de 20 anos sentiu forte desejo de se consagrar-se a Deus na Vida Religiosa. Para ela, importava obedecer mais a Deus que aos homens. Depois de 8 longos anos e muitas adversidades enfrentadas, Rita não esmoreceu e finalmente aos 29 anos conseguiu entrar num convento de Religiosas, a única Congregação permitida em Portugal por ser estrangeira e se dedicar apenas à assistência. Ao confrontar o carisma daquelas Irmãs com o que lhe ia na alma, deu-se conta que não se coadunava com o apostolado que se sentia inclinada.
O Director Espiritual da Comunidade a quem se abria inteiramente verificou ser vontade de Deus a respeito daquela Aspirante: recolher e educar meninas pobres e abandonadas. Rita deixou aquelas Religiosas de origem francesa e, ainda de acordo com o Revº P. Francisco Pereira S.J., procurou meios de melhor se preparar para futuro e urgente desempenho da sua especial missão.
Rita, humanamente rica de predicados e virtudes, profundamente piedosa, levada pelo desejo de cumprir a vontade de Deus a seu respeito, deixando-se guiar pelo Director Espiritual, ao sair do Colégio, aos 32 anos, conseguiu vencer as dificuldades de natureza política e até religiosa para fundar a 24 de Setembro de 1880, na paróquia de Ribafeita, um colégio e simultaneamente o Instituto das Irmãs de Jesus Maria José, seguindo o lema da Sagrada Família de Nazaré. Em breve espaço de tempo, estendeu a Obra de apostolado a outras Dioceses de Portugal; mas nas Dioceses de Viseu, Lamego e Guarda as autoridades políticas procuraram por todos os meios obrigá-la a encerrar a Obra. Não lhe faltaram também dificuldades econômicas e ainda internas com uma das suas religiosas. Porém, em Portugal no ano de 1910 a implantação da República desencadeou perseguição feroz contra a Igreja.
O Governo apoderou-se dos bens que o Instituto possuía, aboliu novamente as Ordens Religiosas e Madre Rita teve que se refugiar na terra natal. Com sua confiança inabalável em Deus, Rita conseguiu localizar algumas Irmãs dispersas e aos poucos reagrupá-las numa humilde casa e pôde salvar o Instituto, enviando-as depois em grupos para o Brasil.
As primeiras irmãs que viajamram ao Brasil, continuaram o carisma da Fundadora que faleceu em Casalmendinho (paróquia de Ribafeita) a 6 de Janeiro de 1913, em odor de santidade, confortada pelos últimos Sacramentos. O funeral para o cemitério paroquial, presidido pelo Vigário Geral da Diocese foi antes uma ação de graças pelo dom desta Religiosa à Igreja e ao Mundo.