Espiritualidade /

Instituto Jesus Maria José

Somos herdeiras de uma Espiritualidade- chamadas a Imitar a  Sagrada Família em Nazaré. 

"A vocação do Instituto é procurar a glória de Deus, a conversão de si mesmo e a salvação do próximo. O seu carisma é a imitação da Sagrada Família de Nazaré e o anúncio do Evangelho da Conversão, e se expressa pelo espírito e pela missão confiados a Rita Amada de Jesus como dom do Espírito Santo para enriquecimento da Igreja. ".C5

A nossa Espiritualidade, dimensão central do Carisma de Rita Amada de Jesus, do qual comungamos Irmãs e Leigos, é a Imitação da Sagrada Família em Nazaré. Contemplamo-La e imitámo-La em Nazaré, porque é lá que esta Família está particularmente em Missão. Sim, a vida em Nazaré traduz a essência da Missão desta Família, em sua vida oculta, qual seja, a de educar o Filho de Deus, para que Ele cresça em idade, sabedoria e graça, diante de Deus e dos Homens, a fim de exercer a Sua Missão na, com e pela Humanidade, entre nós e por cada um de nós.

           Para nossa Fundadora, Jesus, Maria e José são a trindade que na terra nos oferece o perfeito exemplo no fiel cumprimento da Santa Vontade de Deus. Na experiência mística Eles são o modelo acabado para adentrarmos espiritualmente no Mistério de Comunhão da Divina Trindade. Eles são também modelo de vida, de santidade, de família humana, de educadores. Rita Amada de Jesus“sela o Instituto com o seu coração, com a sua vida e com a sua forma de viver o Evangelho de Jesus Cristo, tomando como modelos Jesus Maria José”.
Contemplando a Sagrada Família deparamo-nos com as figuras humanas e leigas de Maria e de José, nos sagrados desempenhos da maternidade e da paternidade. Todos nós, Irmãs e Leigos, no exercício de nossa Missão educativa e evangelizadora, somos pais e mães espirituais daqueles que atingimos com a nossa ação apostólica.
           Maria  ama a todos e à Sua Família, de todo o seu coração e com toda a sua alma. É amor sem medida, é amor de mãe; Ela é a Mãe do Amor. Ensinou Jesus a andar, a falar, a comer, a ler, a rezar... Maria não faz outra coisa senão amar Aquele que veio de Deus para nos ensinar a amar.
          José é quem as Escrituras definem como o “homem justo.  Ele é pai amoroso, de coração bom, atencioso e amigo, sempre pronto a amar e a servir a Javé e ao seu próximo. Dedicou sua vida para cuidar, zelar, proteger as vidas de Jesus e de Maria. Foi um verdadeiro “chefe de família”, que vive responsavelmente para os seus, e luta pelo pão de cada dia. Com Ele o Menino e o Jovem Jesus aprende a frequentar a sinagoga, a trabalhar, a pescar, a se interessar pelos problemas de sua comunidade. Esta Família oferece também o exemplo do silêncio e do recolhimento. Ao olharmos para essa Família em Nazaré contemplamos o amor-serviço em ação apostólica.
A Sagrada Família nos oferece também o exemplo da união conjugal. A família, como comunidade de amor, através do sagrado vínculo do matrimônio, nasce "do ato humano pelo qual os esposos se entregam e se recebem mutuamente, nasce ainda antes da sociedade, uma instituição confirmada pela lei divina", através de um consentimento pessoal e irrevogável. Inclusivamente, para as famílias que não se inserem no padrão tradicional, permanece integralmente válido o ideal de construção de um ambiente familiar impregnado de amor, afeto e ternura, sobretudo na educação das crianças e adolescentes.
Imitar a Sagrada Família em Nazaré consiste essencialmente em tomá-la por modelo de vida, guia, orientação, parâmetro, referencial. A ação de imitar consiste em buscar reproduzir os traços significativos de alguém e de tê-lo como fonte de inspiração. A forma como Rita Amada de Jesus imita a Sagrada Família subsiste como modelo a ser imitado por nós, Irmãs e Leigos, em nossa Missão educativa e evangelizadora.
Como ela imitamos a Sagrada Família em nosso cotidiano, Suas virtudes e Sua maneira de viver e se relacionar com o outro. O modo como nossa Fundadora vive esse “imitar” na sua relação com Deus e com os outros, e a forma como o imprime em suas primeiras discípulas e na instituição que funda, constitui o núcleo da nossa Espiritualidade. Assim, não é fora de propósito imitar aos nossos pais e os educadores, e aos que nos deixam exemplos de vida cristã autêntica.

  • Falar da nossa espiritualidade é falar e viver a  vida em Nazaré- Nazaré para nós constitui uma escola de espiritualidade e missão.

A Vila de Nazaré é a Flor da Galileia, segundo São Jerônimo. No tempo de Jesus, ainda que hospitaleiro, o vilarejo não tinha a melhor fama, pois para os judeus não era sempre muito bem frequentado. Essa percepção está corroborada pela palavra de Natanael que pergunta se, “porventura, pode vir coisa boa de Nazaré?”. Tal palavra traduz o preconceito dos judeus para com Nazaré, ao considerarem seus habitantes de diversas raças e impuros, pouco fiéis às leis e aos ritos do judaísmo. Isso explica o fato de Jesus ter sido questionado em seu rabinato pelos próprios conterrâneos: “Pode vir um profeta de um povoado tão pequeno e de fama tão duvidosa?”.
Quando retorna a Nazaré para pregar,  os seus próprios habitantes tentam matar Jesus, jogando-O do penhasco, o que leva o Mestre a questionar se “um profeta só não é respeitado em seu próprio país, entre a sua própria gente e em seu próprio lar”. Isso pode justificar o fato de Jesus não ter dispensado muita atenção nem realizado muitos milagres junto à sua gente. Ele que é reconhecido por todos como filho da terra, pois ali vive com a Sua família até o início ao Seu ministério, aos trinta anos de idade.
Na era cristã Nazaré fica conhecida pelos fatos ligados a vida de Jesus; como a anunciação do anjo a uma virgem local de nome Maria, prometida em casamento a um jovem chamado José, com quem Ela se desposa. É na pequena Nazaré que pelo Sim de Maria ao Seu Deus, Ela concebe Jesus, e o Mistério da Encarnação acontece na História da Humanidade! Ali a Sagrada Família vive uma das mais importantes experiências humanas, o cotidiano em família. Para lá Eles retornam sempre; é onde Jesus vive oculto até iniciar publicamente a sua Missão. Até a Sua morte, e ainda hoje, é conhecido como o Nazareno.
Nazaré é, pois, plena de significado histórico e espiritual para os cristãos. São inúmeros os místicos e as comunidades religiosas que, ao longo destes dois milênios, nas diversas denominações cristãs, se alimentam do potencial mistagógico de Nazaré para plasmarem o seu itinerário espiritual. Rita Amada de Jesus e sua família espiritual e religiosa são insigne expressão destes grupos de cristãos, e nós, Irmãs e Leigos, somos partícipes desta particular tradição mística, carismática e apostólica.
Nesta direção cabe-nos, no tempo que se chama hoje, atualizar essa tradição espiritual frente às demandas pastorais contemporâneas, ao compreender como Rita Amada de Jesus responde aos apelos e desafios de sua época. A fim de converter cada lar e família em outra Nazaré, ela inicia Missão educativa e evangelizadora ao ir de casa em casa para rezar o terço e atrair as crianças para “as coisas de Deus”. Prossegue ao cuidar dos pobres e doentes, e ao reconduzir para uma vida de integridade moral e social as mulheres marginalizadas e de conduta indesejada.
O contexto social e econômico na época de Rita Amada de Jesus se caracteriza por uma acentuada desintegração da estrutura familiar, mormente na zona rural onde ela vive. Tal fenômeno tem sua origem principalmente no abandono do lar por parte dos homens, temporariamente para trabalhar na construção dos caminhos de ferro ou na indústria têxtil, ou permanentemente com a imigração para outro país. Como consequência direta tem-se a ignorância escolar e religiosa das crianças e jovens, e o desamparo e a marginalização das mulheres.  
Rita Amada de Jesus sente o apelo de Deus para dar uma resposta concreta e fazer algo pelo povo frente a tais necessidades. A ação do Espírito Santo nessa jovem mulher faz brotar a sua vocação religiosa-educativa e suscita o germe do seu projeto institucional. Ela mesma o declara ao dizer: “principiei então a lembrar-me de fazer um convento para toda a classe de mulheres e crianças, e não me podia ver livre deste pensamento.” É no contato com o povo sofrido, carente e marginalizado, especialmente as crianças e as mulheres, que Rita Amada de Jesus sente-se chamada a agir e orar pelo Reino de Deus.
O hodierno contexto social e econômico em que nos encontramos, revela-nos desafios estruturais de mesmo matiz. Eles nos interpelam, Irmãs e Leigos, herdeiros que somos da Missão de Rita Amada de Jesus. A vida moderna, por exemplo, frequentemente exige dos pais e mães, prolongadas ausências do lar e do contato com os filhos, fruto das longas jornadas de trabalho a que se submetem com vista à subsistência. Essa ausência, particularmente da mãe, produz efeitos indesejados no desenvolvimento intelectual, moral e religioso das crianças e jovens.
Como Educadores, Irmãs e Leigos, em nossa Missão educativa e evangelizadora, somos continuamente desafiados por diversas situações e realidades familiares, oriundas de inúmeros fenômenos. Por vezes, são situações e realidades de seríssimas e inusitadas características, diante das quais nos sentimos despreparados. A solução muitas vezes encontrada pelos pais é o abandono das crianças nas ruas ou a completa delegação da sua educação para creches e escolas em tempo integral. Nisso há sempre a abdicação do pátrio e sagrado dever de educar os filhos. São muitos os pais que, ao não conseguirem acompanhar adequadamente o desenvolvimento dos filhos, alimentam sentimento de culpa ou assumem postura de apatia.
A Missão do Instituto Jesus Maria José, por meio dos Colégios, Obras Sociais e Ações Pastorais por ele diretamente mantidas, ou de seus membros, Irmãs e Leigos, que atuam em instituições sociais, eclesiais e outras, estrutura-se e organiza-se para responder eficazmente a tais realidades e situações. Adotamos como princípios institucionais de nossa Missão educativa e evangelizadora a primazia parental na educação das crianças e jovens, a fim de assegurar o seu integral desenvolvimento. Auxiliamos pais e mães a assumirem, da melhor forma possível, a indelével missão que lhes foi conferida pelo Criador. Defendemos os direitos cidadãos, para a redução do empobrecimento social, cultural e econômico e para o empoderamento, fortalecimento e autonomia da família.

  • Jesus viveu a maior parte de sua vida no seio familiar,  numa vida escondida em Nazaré- 

A vida oculta de Jesus está relacionada com à Sua preparação para a Missão, por cerca de trinta anos. Uma visão superficial, fundada unicamente na lógica humana, pode equivocadamente considerar esse período como “tempo perdido” para o Filho de Deus, no qual Ele está apenas “escondido”. A exata e profunda compreensão espiritual dessa etapa devida oculta em Nazaré, no entanto, pressupõe considerá-la intrinsecamente articulada com a da Sua Missão pública. Nessa etapa Ele escuta e Se entrega à Vontade Deus, e Se deixa interpelar pela vida do povo.
Rita Amada de Jesus, nessa etapa de sua “vida oculta”,também se prepara de forma singular, na teoria e na prática, para o pleno exercício da sua Missão. Seu longo período de formação revela-se profícuo em sua atuação futura nos âmbitos espiritual, apostólico, acadêmico, profissional e institucional. Sua experiência mística constitui-se o eixo fundamental do seu processo formativo e leva-a a embrenhar-se pela via da Vida Escondida com Cristo em Deus. Essa dimensão mística-espiritual é aspecto desafiador para a nossa formação nos tempos atuais, onde impera a tentação do imediatismo que afasta do discernimento e da obediência à Vontade de Deus.
Em nossa Espiritualidade, a Vida Escondida em Deus é o caminho ou via espiritual trilhada por Rita Amada de Jesus, para viver a sua experiência mística e a sua vocação apostólica. Essa via espiritual, por ela haurida na contemplação da vida oculta da Sagrada Família em Nazaré, se reflete decisivamente no amago da sua Missão, imprimindo-lhe indelével elemento característico. Irmãs e Leigos extraímos dessa via espiritual, legada por nossa Fundadora, elementos pedagógicos essenciais para a nossa ação educativa e evangelizadora.
O Deus dos cristãos é um conosco, o Emanuel, o Verbo Encarnado. Ele que é tão grande, Se faz pequeno por amor e, neste Seu “apequenar-Se”, Se faz presente em nosso meio, Se torna um de nós, e nos dá a certeza de que não estamos sós. Na Encarnação Jesus Se esvazia de Si mesmo para ser um como nós. Nós analogamente tornamo-nos um com aqueles de quem partilhamos os sofrimentos, as lutas e as conquistas, e de quem comungamos a vida. Nesse movimento de kenosis reside a essência da vida oculta em Nazaré, escondida em Deus.
Como Jesus, também nós somos chamados a esvaziarmo-nos do que é próprio do “mundo”, do que é relativo e passageiro, morrer para si mesmo, para que Deus seja o Absoluto, o Tudo em nossas vidas. Morrer para si mesmo para com Ele ressuscitar. Assim, mergulhar ao encontro da vida em plenitude que está escondida em Deus. Rita Amada de Jesus, em contato com o povo e suas necessidades, despertou para esse algo mais em sua vida, ao esvaziar-se de si mesma para ser um com aqueles que sofrem a ignorância, o abandono e a marginalização.
Como Jesus em Nazaré, nossa Fundadora assume as dores do povo, caminha junto com ele, sente o seu sofrimento, constata a realidade das famílias, assume suas dores. Daí nasce sua a sua vocação: “Escutei o clamor do meu povo...”.  Para isso é preciso possuir um olhar de misericórdia para não julgar e condenar, é preciso ter um coração terno e aberto ao Deus que se revela no outro. Nesse gesto de mergulhar na vida dos outros, de ir ao seu encontro para sentir com eles, reside a verdadeira empatia e se concretiza a trilha espiritual de uma vida escondida em Deus.
Experimentar os sentimentos do outro; sentir como o outro sente; colocar-se “na pele” do outro, configura movimento de empatia e de amor, de esvaziamento de si mesmo para encarnar-se em realidade distinta da sua. Compreender sentimentos e emoções, e experimentar de forma objetiva e racional o que sente o outro, são elementos de nossa espiritualidade. Deus ao enviar o Filho para se sacrificar por nós, revela a empatia e o amor do Criador por suas criaturas. “Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna”.

  • Os Valores Evangélicos  em nossa Missão.

Apresentamos  doze valores  ou virtudes básicas presente na missão Rita Amada que  é inerente a missão do Instituto.
A Sagrada Família em Nazaré, modelo para todas as famílias, é a primeira comunidade onde ensinar e aprenderas virtudes ou valores cristãos. Para nós, Irmãs e Leigos, Nazaré é a verdadeira escola na qual nos inspiramos e nutrimos para viver os valores evangélicos, próprios de nossa Espiritualidade. Valores que impactam a Missão, nela se manifestam e nos fortalecem em nosso cotidiano educativo e evangelizador.

O primeiro valor ou virtude evangélica, a simplicidade remete à transparência, à naturalidade, à ausência de dubiedade nas ações e relações interpessoais. É também o atributo de quem é franco, sincero, honesto. A simplicidade transparece na concretude da vida e da Missão, ao viver com o que temos e zelar pelo que nos é confiado. Consiste igualmente em partilhar com os outros as nossas qualidades, os nossos saberes e os nossos bens; enfim, entendermo-nos administradores dos dons de Deus. Ser simples está além de não ser complicado. Somente através da simplicidade chega-se com autenticidade à própria essência e interioridade. Na Missão a simplicidade orienta a fazer o melhor com os recursos de que se dispõe, bem como estabelece relações simples e transparentes entre nós e nossos destinatários.

  • A pobreza é a virtude do despojamento e do abandono. Sua vivência liberta-nos de nós mesmos para uma sempre maior abertura aos outros e a Deus. A pobreza é fonte da verdadeira alegria, como nos ensina Jesus nas Bem-Aventuranças. Pobreza na docilidade de espírito que nos faz acolher a Sua Graça Santificante e pobreza no despojamento material que nos faz solidários com os pobres. Somente assim seremos construtores do Reino de Deus que é de paz, justiça e fraternidade.

A pobreza é atitude interior de abandono ao Senhor, confiando-Lhe a própria vida no seu cotidiano, ao acolher os seus insondáveis desígnios para si, mesmos aqueles que contrariam o nosso entendimento e vontade. A pobreza orienta-nos a uma total confiança em Deus. Na Missão vivemo-la pela aceitação ativa da Vontade de Deus, pela entrega total à Sua Providência, pelo desapego de cargos e funções, pela aceitação dos outros como eles são, e pela relativização de recursos e bens materiais. 

  • O valor evangélico do acolhimento, A plena eficácia da Missão em nossas ações educativas e evangelizadoras requer sempre o real acolhimento do outro. O valor evangélico do acolhimento, em sentido mais profundo, consiste em captar e atingir a essência do outro. É cuidar, é trazer para dentro, é dar proteção. Essa atitude desconhece preconceitos e requer amor sincero. O valor do acolhimento coloca-nos no caminho da conversão que permite ver o outro como Deus mesmo o vê. Esta virtude manifesta-se na maneira como cuidamos e acolhemos quem necessita de nós quem convive conosco.
  • O valor evangélico da perseverança vincula a Missão à prática da fé cristã e tem suas raízes na fidelidade pessoal a Deus. A perseverança é predicado de quem se entrega a Jesus e o segue, mesmo diante das dificuldades e das tentações; é ser fiel ao seu compromisso batismal e sempre fazer o bem. Perseverar na fé impulsiona a lutar incessantemente pelos valores cristãos, mesmo quando a sociedade já não os preza mais e/ou tem dificuldade em proclamá-los e vivê-los. O valor evangélico da perseverança nos move a atualizar continuamente as expressões da nossa Missão e os meios para logra-lhe a eficácia desejada, inculturando-a sempre que necessário nas diversas realidades e culturas onde atuamos.
  • O trabalho- Ainda que o trabalho seja uma realidade intrínseca e contingencial à nossa condição humana, para o homem e a mulher de fé ele assume o status de valor evangélico. Pelo labor cotidiano somos co-criadores, ao completar a obra da Criação, e assim ganhar o nosso pão e nos santificar. Não há entre trabalhos e tarefas distinção em dignidade, e esta jamais pode ser maculada. Nossa Missão educativa e evangelizadora é árdua e exigente. Nela não se logram, sem muito trabalho e esforço, os resultados desejados por nossa ação junto aos nossos destinatários; resultados que transcendem em muito qualquer eventual retorno exclusivamente humano.
  • Humildade etimologicamente vem de terra, “humus”. Valor evangélico que nos remete a profunda consciência de si mesmo, da realidade pessoal, das suas qualidades e limitações. A humildade nos preserva de uma possível esquizofrenia pessoal e social que conduz à tentação de aparentar o que não somos e não temos, tão comum na atual sociedade de aparência e de consumo. A humildade remete ao essencial de nós mesmos e permite sermos percebidos como realmente somos. Assumimos as responsabilidades que nos são confiadas, comprometidos em colocar nossas potencialidades serviço da Missão. Por esse nosso testemunho evangelizamos e educamos com quem interagimos em nossa ação apostólica.
  • A verdadeira alegria, além de um sentimento profundamente humano, é uma experiência espiritual. Realidade difícil a ser compreendidas em se relacionar com o Transcendente, e sem a alegria de experimentar o amor incondicional do Criador. A verdadeira alegria não é circunstancial, nem depende de fatores externos, sejam pessoas ou condições materiais. A alegria como virtude nasce exclusivamente do nosso ser e agir no amor e no serviço ao Senhor e aos irmãos.  Sua Santidade, o Papa Francisco, tem insistido sobremaneira sobre a alegria como inerente ao testemunho esperado dos cristãos. Nós, Irmãs e Leigos, em nossas relações apostólicas testemunhamos esse valor evangélico e por ele somos reconhecidos.

 

  • Exercer a virtude da fidelidade em uma sociedade caracterizada pela volatilidade e superficialidade nas relações e nos compromissos leva-nos, Irmãs e Leigos, a reafirmar nosso compromisso com os valores humanos e cristãos que sustentam a nossa identidade social e eclesial. Para os cristãos a virtude evangélica da fidelidade consiste em proclamar que o nosso Deus é sempre fiel; da mesma forma nos impele em ser-Lhe sempre fiel, seguros da sua infinita Misericórdia. Como educadores testemunhamos nossa fidelidade ao Senhor e à sua Mensagem de Salvação, desta forma auxiliamos às novas gerações a aprenderem a ser dóceis à ação do Espírito Santo, e a ser sempre fiéis a Deus, nosso Senhor. 

Em Rita Amada de Jesus encontramos modelo autêntico de audácia. A sua vida, nas diversas fases e circunstâncias, apresenta-nos sobejos exemplos dessa virtude evangélica. Com fé e confiança inabaláveis em seu Senhor ela mergulha incondicionalmente em sua Missão; imperativo também para nós engajados no mesmo desafio educativo e evangelizador. A audácia é nota caraterística dos jovens de espírito e dos que creem ilimitadamente em Deus. Esse valor conecta-nos mais facilmente com a natureza das crianças e jovens, destinatários privilegiados da nossa Missão, a quem comprometemo-nos a orientar na vida.
Discernir a Vontade de Deus é virtude evangélica intrinsicamente vinculada à fidelidade e à obediência. Discernir é buscar, com o consórcio da moção do Espírito Santo, a Santa Vontade de Deus para a nossa vida... e engajar-se a obedecê-La. Discernir é também identificar e personalizar o Projeto de Deus, em conformidade com o Plano de Salvação para a Humanidade. É aprofundar o sentido da vida, que como humanos buscamos incessantemente; o sentido vocacional, que como cristãos recebemos no batismo; o sentido da Missão que herdamos, Irmãs e Leigos, de Rita Amada de Jesus.

  • O discernimento espiritual é um dom do Espírito Santo que orienta a pessoa a ordenar seus sentimentos, em determinada situação, a fim de que ela opte segundo o mesmo Espírito. Discernir reside em optar entre duas possibilidades judiciosas que se apresentam e que, por vezes, leva a abdicar de algo bom para sermos fiéis a Deus. É ter a perspicácia, a astúcia e a sagacidade para fazer escolhas acertadas.

Daí nasce a sua inquebrantável fé em que todos os bens espirituais por ela recebidos enraízam-se e frutificam na confiança absoluta em Deus. Tal confiança é a virtude evangélica que marca sua espiritualidade no testemunho que ela oferece a todos no exercício de sua Missão religiosa e apostólica.

  • A confiança absoluta em Deus assegura-nos que Ele age em nossa vida para além da nossa imediata compreensão, e que tudo em nossa existência é ação da Sua Graça e do Seu Amor por nós. Diante disso abandonamo-nos completamente em Deus, seguros de que Ele age também na vida dos destinatários de nossa Missão. Confiamos que Ele opera em suas vidas para além da nossa ação educativa e evangelizadora. Mais do que efeito do nosso esforço de educadores e apóstolos, os resultados do nosso apostolado produzem-se quando e como a Ele aprouver.

 

Viver e testemunhar juntos tais valores evangélicos é sinal profundo do Amor de Deus que transborda na Missão. A Comunidade educativa e evangelizadora que imita a Sagrada Família em Nazaré em unidade e comunhão, e anuncia o Evangelho de Conversão no cotidiano da vida e do trabalho, produz frutos abundantes. Exercemos nossa Missão, antes de tudo, por meio de nossa vida pessoal e de nosso testemunho comunitário, a ponto de dizerem sobre nós: “vede como se amam”. Pelo nosso modo de ser e de agir somos sinal eficaz de transformação e de conversão, essência da nossa Missão e de todo processo educativo e evangelizador.

Fontes:
Constituições do Instituto Jesus Maria José
Diretório da Missão n.125-166