Missão do Instituto Jesus Maria José segundo o Diretório da Missão (49-118)
Somos herdeiras de uma Carisma que floresce na missão.
"A missão do Instituto é a evangelização sob a forma concreta de apelo à conversão. Prolongamos a Missão de Cristo, na Igreja e no Mundo, pelo anúncio do Evangelho da Conversão aos homens e mulheres; por meio da educação das crianças e jovens preferencialmente pobres e abandonados, orientando-os no discernimento da sua opção vocacional e de vida; e pela evangelização das famílias para que, com audácia, lutem contra o mal e renovem a sociedade. " C7.
Rita Amada de Jesus fundadora do Instituto Jesus Maria José, inspirada na Sagrada Família de Nazaré, Jesus Maria José funda o Instituto no dia vinte e quatro de setembro de mil oitocentos e oitenta em Portugal. Mulher perspicaz e atenta aos sinais dos tempos, em sintonia profunda com a Palavra de Deus sente se chamada e impetrada a realizar a missão para qual Deus a destinava uma grande obra que confirma a vontade de Deus em anunciar o Evangelho da Conversão ao mundo.
Mulher de vida simples, destemida e arrebatadora de fortes ensinamentos a crianças, jovens e a família, especialmente aos mais fragilizados e em situação de perigos moral, social e espiritual. Recorriam sempre para educa-los e instrui-los na fé e nos ensinamentos a Cristo e a Igreja. Sempre sedenta de Deus e conduzia as pessoas a está sede de Deus, para que pudessem ver e agir conforme a vida do mestre Jesus de Nazaré que passou a vida fazendo o Bem. O seu grande projeto de vida fica evidente na frase “se preciso fosse percorrer o mundo da melhor boa vontade para salvar uma só alma.”.
A essência espiritual e apostólica do nosso Carisma se expressa na Escola de Nazaré. A Sagrada Família em Nazaré é o modelo acabado das virtudes cristãs, especialmente a humildade, o amor e a fiel observância ao Plano de Salvífico de Deus para toda a Humanidade. Jesus, Maria e José, os Mestres na Escola de Nazaré, são nossos modelos na ação educativa junto às crianças, aos jovens e às famílias, destinatários privilegiados da nossa Missão, confiados ao nosso zelo apostólico.
Com Jesus, Maria e José aprende-se a viver em família e em comunidade. Ao contemplá-Los em Nazaré constatamos que, para além dos eventuais laços de sangue, são os de afeto e os espirituais que nos unem entre nós, tanto no núcleo familiar, quanto nas comunidades religiosas, educativa e eclesial. Aprendemos pela mesma via, na educação das crianças e dos jovens, a verdadeira comunhão no amor, a simplicidade da acolhida fraterna, a abertura sincera e simples nas relações interpessoais, a corresponsabilidade no trabalho em equipe, a solidariedade com os necessitados e carentes, e a proteção dos mais fracos.
Em nossa Missão a educação é elemento central e constitutivo. Ela expressa-se nas mais variadas modalidades e níveis. Em sua ação apostólica Rita Amada de Jesus revela-se essencialmente educadora em todas as suas inciativas e relações. A concretização institucional da sua Missão, com a criação de uma instituição de ensino, será a consequência natural de sua trajetória apostólica. Ela, desde bem cedo, entende a importância da educação para a emancipação da pessoa e para a sua prevenção da corrupção do mal em todas as suas vertentes.
A nossa Missão evangelizadora e educativa se enraíza e nutre da tradicional e milenar visão cristã da educação. Para a Igreja educar é promover condições para que cada homem e mulher possa desenvolver-se em todas as suas dimensões. É permitir e favorecer que cada pessoa extraia o melhor de si mesmo, a fim de nele emergir o projeto de Deus para a sua vida.
A educação recebida na infância e na juventude integram os fundamentos de nossa vida moral e espiritual. Acreditamos que uma consciência ética, política, cidadã e religiosa bem formada nos conduz ao caminho do bem e nos faz nele perseverar. Rita Amada de Jesus experimenta a força e a eficácia da educação na infância e na juventude para preservar do mal. Ela vivenciou, pelo seu engajamento no anúncio do Evangelho da Conversão, a prevalência da prevenção do mal, pela via da educação, sobre a posterior reabilitação da pessoa. Mas, ela acredita também que a libertação do mal é processo de reeducação, pois a educação é essencialmente libertadora. Por isso, em que pese o amplo espectro da nossa ação apostólica, nossa Missão é sempre educativa, e nós somos sempre educadores nesse desafiador processo de anúncio do Evangelho e de conversão pessoal.
Em nossa Missão somos ao mesmo tempo agentes educativos e evangelizadores e seus destinatários. Afinal, ninguém se educa, se evangeliza ou se converte sozinho, mas sempre por meio de processos que implicam na presença de uma relação ativa com os outros e com O Outro, Jesus Cristo. Estamos inseridos em uma teia de relações interpessoais no seio das quais a educação e a evangelização acontecem, seja informalmente ou por meio de ações organizadas.
A educação em todas as suas expressões contribui de forma decisiva para o nosso desenvolvimento em todas as fases da vida. Considera-se e avalia-se o processo educativo e evangelizador pelo impacto e pelos resultados produzidos individualmente na formação da consciência, inteligência e vontade; nossas dimensões intelectual, emocional e comportamental. A conversão, a transformação pessoal, é elemento de avaliação positiva da educação. Segundo a visão de Rita Amada de Jesus, somos e sentimo-nos verdadeiramente tocados pela educação quando, pela espiritualidade da imitação da Sagrada Família e pelo confronto pessoal com o Evangelho, transformamos a vida.
Seremos mais humanos, mais fraternos, mais socialmente responsáveis, pois pela educação do SER abraçamos uma vida cristã autêntica que conduz a descoberta da própria vocação.
Apresentar razões de vida e de esperança às novas gerações, mediante um saber inspirado nos valores evangélicos e equilibrado pela cultura cristã, integra a nossa Missão evangelizadora e educativa. A Sagrada Família em Nazaré é uma família de Educadores, onde todos ensinam e aprendem. Com Eles aprendemos a ser educadores a cada dia de nossas vidas.
Jesus proclama e vive o Amor. Sua esperança na transformação do outro é imperativo em sua ação educativa e evangelizadora.
A Constituição Dogmática Lumen Gentium nos apresenta Maria Educadora.
Maria Mãe de Jesus: “Enquanto peregrinamos, Maria será a Mãe educadora da fé. Ela cuida para que o Evangelho nos penetre intimamente, plasmem nossa vida de cada dia e produza em nós frutos de santidade. Ela precisa ser cada vez mais a pedagoga do Evangelho”. Maria encerra em si a completude do ser educadora, pois Ela é sempre ao mesmo tempo discípula que aprende e Mestra que ensina. Não apenas por ter sido a primeira discípula e educadora de Jesus, mas por ter entendido desde sempre que não O educa para si mesma, mas para a vida, para o mundo, para a Sua Missão. “Os poucos elementos que o Evangelho oferece, não nos consentem conhecer e avaliar completamente as modalidades da ação pedagógica de Maria para com o seu Filho divino, (...) mas, “olhando para os resultados, podemos sem dúvida deduzir que a obra educativa de Maria foi muito incisiva e profunda, e encontrou na psicologia humana de Jesus um terreno muito fértil. ”
José é exemplo e modelo para Jesus. Contemplar José Educador significa situá-Lo na sua relação com o Filho, na qual José sempre se deixou nutrir pela Palavra do Deus-Javé e pelo convívio íntimo com o Verbo, a Palavra Encarnada. “Olhamos para José como modelo de educador, que protege e acompanha Jesus em seu caminho de crescimento ‘em sabedoria, idade e graça’. Sobre o crescimento na idade, que é a dimensão mais natural, São José, junto a Maria, educa Jesus, preocupando-se para que não lhe faltasse o necessário para um desenvolvimento sadio. Depois, ensina a Jesus um trabalho – carpinteiro – e, desta forma, O educa. Passando à segunda dimensão da educação, a da sabedoria, José foi para Jesus um mestre e exemplo desta sabedoria, que se alimenta da Palavra de Deus.”
Nossa Missão tem na evangelização das famílias um elemento distintivo. O Espírito, fonte de toda a renovação na Igreja, move Rita Amada de Jesus, e o nosso Instituto, a inserir-se nas distintas realidades pastorais e sociais com as quais interagimos ao longo do último século e meio. Nesse contexto sempre se privilegia a família e suas necessidades. Em que pese a evolução das Sociedades nestes novos tempos, a família segue a ser para nós, Irmãs e Leigos, um enorme desafio pastoral.
O Espírito não cessa de suscitar respostas atualizadas para as realidades da família e suas as necessidades sociais e pastorais, tão numerosas e urgentes nos tempos atuais. As respostas são distintas, por meio de comunidades e iniciativas as mais diversas, cada qual segundo o seu próprio Carisma. Todas elas são Seu dom à Igreja e ao Mundo. Nosso Instituto se insere organicamente nas múltiplas ações pastorais da Igreja para a evangelização das famílias e com elas se articula, sem comprometer a nossa identidade carismática e institucional.
A instituição familiar é considerada por nós, Irmãs e Leigos, em dupla perspectiva, sob a qual se edificam a Igreja e a Sociedade. A Igreja concebe a família como a primeira comunidade de fé, onde o novo cristão recebe dos pais, e do ambiente natal onde inicia a jornada nesta vida, os fundamentos da sua fé. Essa iniciação na fé se dá pelo batismo, pelo testemunho dos pais e por uma primeira catequese. Na família, desde a primeira infância, vive cotidianamente elementos da sua fé, convertendo-se o próprio lar em Igreja doméstica. No seio da família o batizado bebe desde o início da vida os valores cristãos, éticos e morais, que orientam a própria existência.
A família, na perspectiva sociológica, é a célula mater da Sociedade. É no âmbito de uma família que o indivíduo emerge em uma sociedade, e nela recebe as condições necessárias para o seu adequado desenvolvimento bio-psíquico-social. Na família o indivíduo assimila as orientações para o pleno exercício de sua cidadania. Por seu intermédio ele é introduzido em diversas outras instituições sociais, que concorrem para a sua educação, entre as quais a escola, onde recebe os valores humanos das gerações precedentes.
A família, intercessão entre fé e vida, religião e cidadania, apresenta-se para nós, Irmãs e Leigos, como elemento catalizador e unificador de nossa Missão educativa e evangelizadora. A família é o ambiente ideal para nascer, crescer a aprender a ser e entender-se filho de Deus e cidadão. É Deus quem nos chama à vida e nos re-une em família. A família é o verdadeiro Santuário da Vida, expressão do Plano de Amor do Pai para com a Humanidade.
Às famílias apresentamos a Sagrada Família como modelo pleno e consumado. Sua contemplação ajuda a melhor compreender tanto a identidade da família, quanto a sua missão na Igreja e na Sociedade. A experiência da Sagrada Família em Nazaré é apaixonante para todos os cristãos, e até para os não cristãos, sensíveis ao amor e a comunhão que dela exalam. Com Ela se aprende a valorizar e a entrega ao outro, o sentido da fé e da oração, e o abandono à Divina Providência na vida cotidiana. Aprende-se ainda a reconhecer Deus como um Pai infinitamente bom, terno, misericordioso, um Deus próximo e presente no cotidiano de nossas vidas. Nosso Instituto reafirma o valor e a sacralidade do matrimônio, como origem e fonte da família cristã. Reafirmamos, com a Igreja, o sentido maior do Sacramento do Matrimônio, sinal e presença da Graça Santificante para e na nova família que surge.
Bem aventurados os pobres em espírito porque deles é o Reino dos céus...Mt,5.1-12
O Papa Francisco propugna por uma Igreja pobre para os pobres, porque “estes têm muito para nos ensinar. É necessário que todos nos deixemos evangelizar por eles. A nova evangelização é um convite a reconhecer a força salvífica de suas vidas, e a colocá-los no centro do caminho da Igreja. Somos chamados a descobrir Cristo neles”. Ele igualmente assinala que com os pobres “o nosso compromisso não consiste exclusivamente em ações ou em programas de promoção e assistência; não é um excesso de ativismo, mas primariamente uma atenção prestada ao outro, considerando-o como um só consigo mesmo”.
A educação é mecanismo privilegiado para a superação da pobreza, seja pela via da educação das consciências dos que se engajam na dinâmica social, política e econômica para o esvaziamento das suas causas estruturais, seja pela mobilidade social que o acesso à educação promove, principalmente, nas camadas sociais de menor capital econômico e cultural. Nessa dupla perspectiva a educação abrange as suas dimensões tangíveis e intangíveis, materiais e simbólicas.
Educar e formar cristãos e cidadãos comprometidos promove, conceitual e operativamente, a construção de uma sociedade pacífica, justa e solidária, prelúdio do Reino de Deu! O nosso compromisso com a virtude da pobreza, com a extinção das diversas formas de empobrecimento e marginalização, com a superação da exclusão social e econômica, nos move, Irmãs e Leigos, a vivenciar e proclamar pessoal e institucionalmente o sagrado respeito à dignidade humana.
Assim, profetas do humanismo cristão, a exemplo de Rita Amada de Jesus, denunciamos tudo o que fere tal dignidade e que limita homens e mulheres a exercerem plenamente os seus direitos universais. Nas pegadas de nossa Fundadora, fiéis à nossa Missão educativa e evangelizadora, pelo anúncio do Evangelho da Conversão, combatemos o mal presente no mundo sob a forma de aviltante empobrecimento de incontáveis homens e mulheres ao redor do mundo, nossos irmãos e irmãs.
Fontes: Diretório da Missão
Constituições –Instituto Jesus Maria José